segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Como um Quebra-Cabeças.

     O mundo pode ser dividido entre os letrados e não-letrados. Ou seja, nos que sabem ler e escrever e nos que nãos sabem. 
     Analfabeto é o sujeito que não sabe ler, nem escrever. Tudo bem. Parece simples. Preto no branco. Mas tem um complicador. 
     Existe um conceito chamado "analfabeto funcional". Esse é sujeito que não sabe ler nem escrever, mas sabe assinar o nome, ou ler poucas palavras ou letras. Certo... Analfabeto funcional é um quase alfabetizado. Beleza. Deu para entender.
     E alfabetizado é todo mundo que sabe ler e escrever. 
     Só tem um detalhe. Tem gente que sabe ler as letras, as palavras... mas não sabe "sacar" o sentido do texto. (É como eu quando tento ler uma frase em francês. Hahahah). 
     E aí é que está o "x" da questão. Para ler de verdade não basta saber decodificar as letras, as palavras, a pontuação. É preciso tirar o significado do texto. E os textos (mesmo quando não são escritos) são como quebra-cabeças. As palavras são as pecinhas. Se você, quando vê um quebra-cabeça montado, ficar prestando atenção nas pecinhas (individualmente) não vai ver a figura que está sendo formada. É preciso, depois de ler as palavras, afastar a vista, e ver a figura como um todo. 
      Muitas vezes eu vejo que essa é a maior dificuldade dos alunos. Vêem o quebra-cabeças lá e se perdem nas pecinhas. Eu pergunto, o que o autor quer dizer com o texto (qual a figura montada)? E a meninada insegura: "Tem uma parte aqui que tem uma torre, tem janelas". Beleza. Mas isso é parte. O todo é um castelo. 
     Ao ler um texto a gente tem que ser capaz de ver a figura inteira, de ver qual a mensagem. Depois de entender o todo é que a gente parte para analisar os argumentos, ou as peças, que formaram a figura... Se não, a gente nunca vai ver as figuras montadas...vai ficar sempre perdido nas pedrinhas...

3 comentários:

JEFFERSON CLAUSE disse...

A alegoria do quebra-cabeça tá excelente pra os alunos sacarem algumas das mais consistentes concepções de texto defendidas ainda hoje na Lingüística. Um texto não é a soma das partes; mas o resultado da articulação entre elas. Seria bom trabalhar isso em sala de aula. Usar a alegoria de maneira concreta. Levar o quebra-cabeça, pedir para que a pirralhada monte e, então, fazer reflexões sobre o que é texto e textualidade a partir dos quebra-cabeças montados. Muito legal, hein? Já vou aplicar no planejamento do sexto ano em 2011! ;)
Amas? Eu amo.

Lucas Oliveira disse...

Oi tia, é lucas do oitavo ano... eu não sei se vc frequenta mais o blog ou orkut, mas vou mandar minha duvida pelos dois. Bem ai vai, vc tem como me responder se Boliviar ja via menos pagamentos de impostos (que era o contrario do objetivo da Inglaterra e dos EUA) como uma vantagem da unificação da nações independentes?

Yvonne Carvalho disse...

Que emoção, uma idéia para o planejamento do professor gatíssimo! Hahahhah Que bom que ajudei. Very fera! =D

Lucas, Bolívar escreveu vários documentos (nos anos em que litou pela libertação dos países latino-americanos) onde afirma buascar criar uma nacionalidade através do vínculo com o território e de caráter anticolonial. Ele entendia a colonização como uma exploração.
Não sou especialista nesse assunto, mas até onde conheço, não vi ele usar a redução de impostos como um de seus argumentos. Ele apelava mais para o sentimento de fraternidade entre os povos latino-americanos mesmo.
=D
Muy fera sua pergunta.

Beijão para ambos.