terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vida de escravo no Brasil

     Para começo de história, antes mesmo de chegar no Brasil os escravos recebiam um nome novo, cristão (tipo Pedro, João, José, Maria, etc.), que era escolhido pelo traficante que o estava vendendo ou pelo senhor que o comprara.
     Os escravos recém-chegados que não sabiam falar a nossa língua eram um pouco mais baratos que aqueles que já sabiam falar o português.
     Depois de desembarcados eles eram mantidos em armazéns e mercados, onde eram comercializados junto com sacos de açúcar, mandioca e feijão.
     O Brasil foi escravocrata por quase 400 anos. E, durante esse tempo, os escravos realizaram todo tipo de trabalho (agrícola, doméstico, mineração, serviços urbanos, transporte de pessoas e mercadorias, entre outros). Nos engenhos, por exemplo, a jornada de trabalho podia durar de 14 a 17 horas (hoje, por lei se trabalham 8 horas diárias). E nem dava para tentar escapar porque o serviço era vigiado pelo feitores (assalariados ou mesmo outros escravos que tinham a função de castigar quem parasse de trabalhar).
     Os castigos normalmente eram aplicados diante de um público e iam de açoites, uso de coleiras de ferro, até amputações. Existia um Código Criminal que limitava o número de açoites diários permitidos, mas não havia limite para o número de dias em que se aplicaria o castigo. Então não tinha conversa, quando o senhor queria os escravos recebiam açoites intermináveis...
     Os escravos da cidade viviam de forma diferente daqueles que trabalhavam nos engenhos. Muitas vezes os senhores colocavam esses escravos para trabalhar na rua (vendendo doces, por exemplo). Esses eram os chamados “escravos de ganho”. Às vezes eles ficavam com uma parte do que conseguiam lucrar. E às vezes eles conseguiam, depois de mais de dez anos economizando, comprar a própria alforria.
     Existem relatos de escravos que, economizando muito, viraram donos de escravos e, com o dinheiro ganho pelo trabalho do seu escravo, ele próprio conseguia comprar sua alforria. Mas isso sempre foi exceção. Na maior parte das vezes eles trabalhavam forçadamente a vida inteira sem conhecer a liberdade.
Ser escravo definitivamente não era fácil. Além de estarem numa terra nova e distante, os escravos eram separados de familiares e amigos no processo de captura e venda, eram obrigados a aprender uma nova língua, trabalhavam até o limite do corpo sob pesadas penas e castigos e eram perseguidos e tratados como bichos, ou coisas.
     De certo houve várias formas de resistência à escravidão. Muitos escravos mataram seus senhores e feitores, sabotavam máquinas para não trabalhar, faziam motins, revoltas e fugiam. Existiam quilombos em todo canto, bem perto das cidades. O mais famoso de todos, no entanto, era longe de núcleos urbanos, nunca foi destruído e amedrontava os governantes, o Quilombo dos Palmares.

2 comentários:

Yvonne Carvalho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Yvonne Carvalho disse...

Ninguém comenta esse cocblog!!!!
Hurnf!